segunda-feira, 11 de agosto de 2008

ASSISTÊNCIA SOLAR


Adentro o recinto, que, no físico, não passa de um mero quarto de um apartamento na periferia da cidade de São Paulo. Mas as impressões psicológicas e energéticas parecem não ser condizentes com as expressões exteriores. Já faz vários meses que mantenho uma rotina diária energética, uma simples doação de sentimentos lançados na grande teia invisível. Normalmente, seguindo o estipulado período médio de 50min, entre 10 da noite e 1 da madrugada.

Nesta noite em especial, numa postura de doação costumeira, finalizei com o seguinte exercício (1):
Visualizei que na minha frente existia um grande triângulo preenchido de energias azuladas.
Concentrei-me nessa imagem viva.
Pouco tempo depois, surgiu uma grande cruz dourada e, em seguida, um amparador ligado a egrégora (2) dessa mandala (3) luminosa – a Fraternidade da Cruz e do Triângulo (4).
Permaneci nessa sintonia por alguns minutos.
Em seguida, deitei meu corpo físico!

* * *

Despertei meu corpo físico por volta das 3h30min da madrugada.
Deitei novamente, sem nenhuma lembrança. Nenhuma faísca de algum brilho astral havia sido retida em meu cérebro.
Não perdi as esperanças, pelo contrário, todas as vezes que despertava ficava bem mais consciente das experiências que ocorriam fora do corpo físico, absorvia melhor a experiência na memória.
Concentrei minha atenção na respiração e fui tomado por uma leveza interna, como se me dissolvesse na cama.
Tive a sensação de estar inflando, o conhecido ballonnement (5).

* * *

Era uma madrugada diferenciada, as estrelas pareciam conhecer os fatos, brilhavam...
Noite além de qualquer sonho e digna de reter na lembrança por toda a existência.
Estava naquele estado, inflando... quando o espírito não está mais perdido, e é levado pelos braços do amparo...
Sabia da existência do físico, mas ele agora se escondia em outro mundo.
Eu partia para uma aventura inimaginável.
Envolto num turbilhão de símbolos, entrava, conduzido, em um dos portais do invisível...

Um ser vestido de sol se encarregava de minha descida... já o conhecia.
Meus olhos, em espírito, previam o próximo encontro nas regiões do abismo umbralino (6).
Recomendou-me, como os antigos, o sol nos olhos e a serenidade no coração.
Seguimos pelos desvãos, atentos, percorrendo as dobraduras dos planos celestes.

Não irei me ater na descrição das formas que circundam aquela região, por este não ser o propósito destes escritos.
O que posso dizer é que, se podemos considerar coisas como “belas” e “feias”, aquilo era puro “horror”.
Entre milhares de faces, se assim posso dizer, uma delas havia atraído nossa presença, mesmo de longe.
Afinal, o que é perto e o que é distante, quando o universo é sintonia?

Sim, era o receptáculo que procurávamos...
Ressoava por todo o meu ser, ao vê-la em minha frente:
- As partes de mistério só queriam beijar as faces solares!
Era o enigma de minha certeza, que ouvia, mesmo sem explicação.

Em primeira instância, notava que aquele ser era o “luto” em pessoa.
Era a fera em busca de alimento, era a faminta desgovernada de sossego, era a procura e a vivência de uma carência de paz.
Quais os moldes que ela poderia seguir, fora da expressão do que ela era?
O que em mim poderia descobrir, que também não estivesse fora dela?
O silêncio no caos era a minha resposta.

Parecia uma fuga imensa, uma discórdia intensa, entre o tempo e a Eternidade.
O que nos fazem as atitudes? E o equilíbrio o que nos trás?
Não, ela não queria lembrar o momento perdido, que antes era vivido em equilíbrio, entre a saúde humana e solar, a saudade universal e a insanidade.
Ela quis o que não se poderia ter, ao que os iniciados não poderiam se ater, o que as escolhas poderiam mudar: a tentação do poder.

Se por um lado desejava poder sorrir, ser mais tolerante, não errar tanto e propositadamente,
Por outro, mesmo querendo saber ser feliz, queria as possibilidades de insígnias vibratórias, e as conseguiu,
Conquistadas no suor e no sangue, na força de seu ego.
E como era difícil deixá-las de lado, afinal, era toda a sua pompa de poder.
Era toda a sua atração àquela região.

Mas de que valeria o poder se não lhe trazia a essência?
Que valor existe sem amor? E por que aquele ser me parecia tão familiar?
Ela olhava diretamente meus olhos, então já não a via como se mostrava.
Transpareceu em minha visão interna, como se fosse um clarividente no astral, que sua face havia mudado.
O rosto que surgia era de uma egípcia, que há muito viveu nas antigas terras de Gizé.
Ela havia seguido seu rumo, sem chegada e sem partida, desencarnara e o poder a mantinha, tamanha a força de sua magia.
Por intuição, senti que, ali, no interno dela mesma, uma luz resistia.
Mais tarde compreenderia a expressão poética “o fogo da alma”, que parecia ver naquele instante com meus olhos.

Meus pensamentos ditavam os próprios ensinamentos que a carne me esquecia.
Parecia eu também preso nos véus de Ísis (7), e Osíris (8) inspirava os olhos ao infinito.
Fui conduzido por um mistério que se escondia.
Nos umbrais daquele espaço, alguns véus foram levantados. Tempo, não saberia...
Reconheci que não estava ali para ajudar, mas para ser ajudado – tamanho os benefícios que absorvi.

Rendi graças a Hórus! (9) A Luz Solar nos reunira.
Existia uma ligação, entre mim e aquele ser que ali residia.
Não havia mais diferença, nem indiferença, existia apenas o coração, um coração solar.
Acima de nós, havia um disco dourado, que até então não havia notado.
Uma presença mágica, portador de luz, um dignatário do próprio Amon-Ra (10).

Amigos, minha pequenez engrandeceu-se,
De tal forma, que brotaram lágrimas quentes por minha face.
Elas tocavam as formas do astral, como canções vindas do espaço.
Tornara-me algo diferente, as mãos estavam vazias, mas as sentia preenchidas de uma grandiosa luz.

Não saberia dizer se fui ali para abraçar aquele ser, conhecido no meu passado,
Ou se ambos fomos abraçados, naquelas regiões sombrias, por uma luz maior.
Acredito o último ser o mais provável...
Na conclusão desse abraço, fomos tomados por uma energia intensa, um dourado que estava além da própria forma astral.
Ela inundava por dentro e por fora... não saberia explicar... era como se entrássemos na própria Luz.
Não havia nem mesmo mente para decifrar, só reconhecia estarmos mergulhados naquela luz solar...

Voltei ao corpo cheio de gratidão, mesmo sem entender muita coisa...
Tentei descrever... E assim o fiz.

A energia vibrava por todo o meu ser...
Circulava por todas as minhas células uma energia de felicidade, uma vitalidade descomunal...
Do amparador que patrocinou esta experiência, captei as seguintes palavras:

“Oh gloriosa Luz!
Imantai todas as formas do viver humano!
Purificai todas as escolhas e ações!
Brilhai os olhos com o dourado!
Preenchei o coração com a brancura da serenidade!
Levantai os espíritos de seus corpos.
Elevai em todas as formas a evolução!
Mostrai os segredos de todos os mundos!
Amor, Luz, Força, Vontade, Paz, Fraternidade e Evolução!”
E ele seguiu com seus olhos dourados rumo ao invisível!

Paz e Luz!


- Samuel S. Silva -



Notas:

1. Segue a descrição completa do exercício com a mandala extraído do livro Viagem Espiritual II de autoria do Prof. Wagner Borges, editado em 1995 pela Universalista, e que se tornou um livro de referência de cabeceira de muitos projetores:

FRATERNIDADE DA CRUZ E DO TRIÂNGULO

Sente-se confortavelmente.
Coloque a mandala à sua frente, em linha reta com seus olhos.
Olhe-a fixamente, sem piscar e sem se mexer, por cerca de quatro minutos.

Símbolo da Fraternidade da Cruz e do Triângulo.

Após isso, feche os olhos e tente fixá-la mentalmente.
A essa altura, pode ser que apareça a imagem de uma porta azul-escura ou amarelo-esbranquiçada no seu espaço visual interno. Se isso acontecer, tente penetrar mentalmente por ela.
Se tiver êxito nisso, você verá imagens do plano extrafísico, ou imagens criadas pelos seus amparadores, ou até mesmo imagens vindas do seu próprio subconsciente, como mensagens subliminares.
Após isso, deite com a imagem da mandala retida em sua mente e caia no sono pensando nisso.
É sem dúvida, um ótimo alvo mental para o projetor e uma maneira excelente de entrar em contato com esses amparadores extrafísicos.

2. Egrégora: (do grego “Egregorien”, que significar “velar”, “cuidar”): É a atmosfera coletiva plasmada espiritualmente num certo ambiente, decorrente do somatório dos pensamentos, sentimentos e energias de um grupo de pessoas voltado para a produção de climas virtuosos no mundo.
É a atmosfera psíquica resultante da reunião de grupos voltados para trabalhos e estudos baseados na LUZ. Pode-se dizer que toda reunião de pessoas para a prática do Bem e da Virtude (independente de linha espiritual) forma uma egrégora específica, uma verdadeira entidade coletiva luminosa, a qual se agregam várias outras consciências extrafísicas alinhadas com aquela sintonia espiritual para um trabalho interdimensional.
Provavelmente foi por isso que Jesus ensinou: "Onde houver dois ou mais em meu nome, aí eu estarei."
Muitos dizem que não se deve misturar egrégoras de trabalhos diferentes, porém, quando o Amor se manifesta, desaparece qualquer ideologia doutrinária, e só fica o que interessa: a LUZ.
O dia em que os homens despertarem para climas mais universalistas e cosmoéticos, com certeza de que esse mundo será melhor de viver.
Viva a LUZ, pouco importa o nome, o grupo ou a doutrina que fale dela. E viva os mentores espirituais que ajudam a todos, independente de credo, raça ou cultura esposada.

3. Mandala: palavra derivada do sânscrito, significa “círculo” ou “círculo mágico”. O ótimo articulista Romeo Graziano definiu bem, em excelente matéria na revista Planeta (nº 244, pág. 23, Ed. Três) o significado da Mandala. Diz ele:
“Acredito que a mandala cumpre uma função primordial na aprendizagem da arte de ver pelo olho da alma. Este “Símbolo dos Símbolos” floresce em todas as culturas conciliando beleza e poder de reintegração, convidando o ser humano a buscar a verdade palpitante no seu eixo, o centro místico da sua autotransformação, laboratório de forças misteriosas e transmutadoras. A mandala é o mapeamento de um processo que aciona tais forças imemoriais e arquetípicas existentes em nós, através das quais podemos atingir a iluminação do autoconhecimento, curando-nos dos males decorrentes da separatividade do nosso Eu Divino.
Contemplar uma mandala é adestrar os olhos para ver as paisagens contidas em nós mesmos, na esfera do subconsciente – já que a verdadeira mandala está em nosso próprio mundo interior, e necessitamos descobri-la para recuperar o nosso Ser Integral.”

4. Fraternidade da Cruz e do Triângulo: grupo extrafísico de espíritos orientais que opera nos planos invisíveis do Ocidente, passando as informações espirituais oriundas da sabedoria antiga, adaptadas aos tempos modernos e direcionadas aos estudantes espirituais do presente. Composto por amparadores hindus, chineses, egípcios, tibetanos, japoneses e alguns gregos, eles têm o compromisso de ventilar os antigos valores espirituais do Oriente nos modernos caminhos do Ocidente, fazendo disso uma síntese universalista. Segundo eles, são “iniciados” em fazer o bem, sem olhar a quem.

5. Ballonnement: é a expansão das energias do psicossoma para fora do corpo físico. Quando isso acontece, a pessoa tem a sensação de que o seu corpo está inflando como um balão. É uma sensação gostosa e ocorre geralmente antes da projeção.

6. Umbralino: relativo a Umbral, o plano extrafísico denso.

7. Ísis: dentro da cosmogonia do antigo Egito, era a Mãe Divina, esposa de Osíris e mãe de Hórus. Era associada à Lua e considerada madrinha das iniciações que eram realizadas nos templos esotéricos. Simbolizava a misteriosa força criadora de todos os seres, a natureza celeste e invisível.

8. Osíris: dentro da cosmogonia do antigo Egito, era o Pai da Luz, o Sol, doador da vida.

9. Hórus: Filho de Ísis e Osíris, divindade com cabeça de falcão. Associado a tarefas de renovação terrena e auxílio, especialmente no umbral. O portador da Luz e da renovação.

10. Amón-Ra: Amon é o “rei dos deuses”, patrono dos faraós; Ra ou Re é o deus solar egípcio; portanto, divindade ligada fortemente ao Sol.

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