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ADILSON MARQUES
O educador e escritor Adilson Marques, é Doutor em Antropologia do Imaginário e Educação, pela USP, atua na divulgação do espiritualismo universalista brasileiro através do projeto Homo spiritualis (2000 - 2010), voltado para a difusão da cultura de paz e da promoção da tolerância religiosa. O projeto homospiritualis foi o responsável pela elaboração e sistematização da Animagogia, uma proposta de educação espiritualista, de cunho ecumênico e universalista, cujos fundamentos se encontram nos ensinamentos (psicosofia) de Lao Tsé, Krishna, Buda, Jesus, espírito Verdade e Mahatma Gandhi.
Nesta entrevista, Adilson esclarece o que é animagogia, fala sobre o reiki, a terapia vibracional integrativa, as influências mediúnicas e as práticas espirituais e os seus benefícios em nossa vida atual.
SAMUEL SOUZA DE PAULA
Em seu livro O reiki, a terapia vibracional integrativa e outros tratamentos complementares, é recorrente a utilização da palavra animagogia. Por favor, explique aos nossos leitores o que seria animagogia.
Animagogia é um neologismo que cunhei em 2003. Ao pé-da-letra seria educação espiritual. Eu tive essa intuição quando fui convidado por um espírito, durante um trabalho mediúnico que acompanhava, no ano de 2001. Este espírito pediu-me para assistir aos trabalhos de doutrinação que o seu médium coordenava. Ele me deu carta branca para escrever o que quisesse sobre o trabalho. Durante mais de um ano acompanhei o socorro realizado com suicidas e outros espíritos. Porém, desde o início me senti descontente com o termo “doutrinação”. Para mim, este termo cheira imposição de doutrinas ou até mesmo práticas nazistas, stalinistas e outras similares. Nesse sentido, compreendendo que ali se realizava um processo educativo ajudando o desencarnado a libertar-se do ego vivenciado em sua última encarnação, chamei a prática de animagogia. Por isso mesmo, o meu primeiro livro, lançado em 2004, chama-se Educação após a morte: princípios de animagogia com seres incorpóreos.
Até 2005 eu usei o termo animagogia para esse trabalho com os desencarnados. Porém, naquele ano, passei também a usá-lo para representar todo e qualquer trabalho voltado para a libertação do ego, tanto com encarnados como com desencarnados. E eu sistematizei uma proposta de animagogia, talvez esta seja a contribuição do projeto Homospiritualis, para coroar a década da cultura de paz (2001-2010), que se fundamenta nos ensinamentos de 6 mestres espiritualistas: Lao-Tsé, Krishna, Buda, Jesus, Espírito Verdade e Mahatma Gandhi. Eu vou sugerir aos leitores interessados neste tema que leiam alguns textos produzidos pelo projeto Homospiritualis que esclarecem como se processa nossa proposta pedagógica:
1 - Ensino religioso, educação em valores humanos e animagogia
Este texto é a transcrição de uma palestra realizada em janeiro de 2009. Nela, eu procuro diferenciar estas 3 propostas educativas. O leitor poderá acessar a transcrição através do link abaixo:
http://www.scribd.com/doc/17463454/ensino-religioso-educacao-em-valores-humanos-e-animagogia
2 - A apometria no contexto da animagogia
Nesta palestra, eu procuro apresentar o enfoque do projeto Homospiritualis em relação à apometria, técnica sistematizada pelo dr. Lacerda, um eminente médico e espiritista, por volta de 1965. A transcrição da palestra pode ser acessada através do seguinte link:
http://www.scribd.com/doc/17530329/A-apometria-no-contexto-da-animagogia
3 - Educação, saúde e espiritualidade a partir de um enfoque transpessoal
Esse texto, escrito originalmente em 2003, pode ser considerado o manifesto do projeto Homospiritualis, pois resume a proposta lançada em setembro do ano 2000, quando nasceu o projeto. Nele temos a contextualização do programa de animagogia criado para ser realizado durante a década da cultura de paz. O texto pode ser acessado através do link:
http://www.scribd.com/doc/17463364/educacao-saude-e-espiritualidade-a-partir-de-um-enfoque-transpessoal
4 - Introdução à anima-ação cultural
Este também é um texto importante para entender a proposta e o alcance da animagogia. Antes de cunhar esse termo, em 2003, eu chamava o nosso trabalho educativo de anima-ação cultural. A reflexão mais importante, em minha opinião, é sobre o (re)envolvimento humano. Ele pode ser lido em:
http://www.scribd.com/doc/17664689/Introducao-a-animaacao-cultural
5 - Educação após a morte: princípios de animagogia com seres incorpóreos
Este é o primeiro livro que lancei e traz toda a sistematização do trabalho realizado para auxiliar os desencarnados ainda iludidos pelo ego. O texto pode ser acessado, na íntegra, através do link abaixo:
http://www.scribd.com/doc/22021090/Educacao-apos-a-morte-principios-de-animagogia-com-seres-incorporeos
6 - Educação e espiritualidade: introdução à animagogia
Este livro reúne as respostas às várias questões que os internautas me fizeram ao longo da década da cultura de paz. Durante alguns anos, eu mantinha uma trabalho online chamado animagogia, seja através do MSN ou por e-mail, para esclarecer as pessoas. Eu recebi muitas questões e aquelas que achei mais interessantes foram selecionadas epara compor o livro. Ele pode ser acessado em:
http://www.scribd.com/doc/18292432/Educacao-e-Espiritualidade-introducao-a-Animagogia
A partir da leitura dos textos acima, o leitor terá uma visão mais abrangente do que estamos chamando, desde 2003, de animagogia, uma proposta sócio-educativa para o terceiro milênio.
O que é a Terapia Vibraciona Integrativa e quais seus benefícios em nossa época atual?
Antes de abordar a TVI, eu preciso esclarecer como o Reiki entrou em minha vida, já que a TVI é um prolongamento dessa técnica. Em 2001, eu já aplicava reiki. Eu tinha feito os níveis 1, 2 e 3-A do reiki tradicional e os níveis 1 e 2 do karuna-reiki. Eu estava pronto para fazer um curso para me tornar mestre de reiki quando, na véspera, fui procurado por dois jovens de aproximadamente 24 anos cada um. Eles foram até o centro de estudos e vivencias cooperativas e para a paz, um local que criamos para difusão do reiki, do tai-chi, da yoga, das danças circulares etc. em São Carlos. Depois de conhecerem o centro, um deles falou o seguinte: “eu sou médium e vim aqui por que um espírito quer falar com você. Foi ele que me deu o seu nome e o endereço.” Aquilo me desconcertou e perguntei: “e como faço para conversar com ele? eu não vejo e não enxergo nada.” E o rapaz esclareceu que ele incorporaria este espírito em nossa sala de reiki. Está foi a primeira experiência mediúnica que tive nesta existência. Quando o espírito incorporou no médium, começou a falar comigo em alemão. Notando que eu não entendia nada, ele falou: “você não se lembra mais da língua que você falava em sua encarnação passada?” Até o momento eu estava atônito, mas ainda descrente de tudo aquilo. Achava que poderia ser alguma brincadeira. Mas o espírito falou: “se você quiser, não precisa fazer esse curso. Eu posso te ensinar tudo o que você precisa saber para enviar energia para as pessoas.” E eu aceitei e economizei 5 mil reais, que era o preço que eu pagaria naquele curso. Durante mais de um ano eu me reuni com o médium, semanalmente. Este espírito e outros se manifestavam e respondiam minhas perguntas. A partir desse material eu sistematizei uma nova modalidade de reiki que chamo de dharma-reiki e que desde 2003 eu ensino gratuitamente. Eu já devo ter ministrado esse curso para mais de mil pessoas, em várias cidades brasileiras. O único custo para as pessoas são as despesas de viagem, alimentação e hospedagem. O curso eu ensino gratuitamente. Com o tempo, eu senti necessidade de trabalhar com grupos, pois muitas pessoas vinham me procurar para receber reiki e foi quando os espíritos me intuíram com técnicas para enviar reiki para grupos, usando a imposição das mãos e induções animagogógicas, ou seja, com palavras ou visualizações de imagens ou cores que favoreçam uma mudança de sensibilidade no participante. Esse reiki coletivo é a Terapia Vibracional Integrativa. Até o momento, eu só ensino a TVI para quem fez o curso de reiki. Na TVI eu ensino 8 técnicas que podem ser realizadas com grupos. Eu já fiz este trabalho com portadores de deficiência física, com aidéticos, com idosos etc. O resultado é muito gratificante.
É fácil reconhecermos e acessarmos, atualmente, diversas linhas de conhecimento e desenvolvimento de práticas bioenergéticas, com ou sem a imposição das mãos, nos diversos meios de comunicação e grupos de estudos. Na sua opinião, o que tem haver estas práticas vibracionais, o reiki, por exemplo, com o Espiritismo?
Na minha opinião, o espiritismo é uma doutrina espiritualista. Com essa doutrina não há muita relação, porém, nós sabemos que a mediunidade sempre existiu e ela não depende da doutrina espírita, necessariamente. Da mesma forma, os espíritos estão em todos os lugares acompanhando o que fazemos e nos intuindo. Assim, qualquer trabalho bioenergético atrai a presença de espíritos. Eu conheço uma vidente que descreve a presença dos espíritos em vivencias de danças circulares, em aulas de yoga e até dentro das igrejas evangélicas. Em outras palavras, nenhuma prática bioenergética acontece sem o acompanhamento da espiritualidade, mas apenas o passe seria uma técnica necessariamente relacionada com a doutrina espírita.
Sabemos que realizou uma pesquisa, entre os anos 2002 e 2005, onde organizou diversas respostas obtidas pela espiritualidade sobre o reiki. Quais eram as correntes espirituais que orientaram este trabalho e a importância da utilização dos símbolos?
O espírito que mais respondeu nossos questionamentos foi o que apresentei acima. Ele se manifestava com a aparência de um médico e afirmava ser da equipe de Bezerra de Menezes. Além disso, ele dizia ser um dos mentores da chamada associação médico espírita. Aliás, foi através dele que fiquei sabendo da existência dessa associação. Além dele, espíritos indígenas e orientais também se manifestaram para responder ou passar alguma informação, mas o que coordenava este estudo foi o que se manifestava como médico. Com eles eu aprendi que no Oriente os símbolos tinham um papel similar ao nosso diploma escolar. Da mesma forma que temos um para o primário, outro para o secundário e outro para a faculdade, de acordo com o grau de compreensão de um discípulo, ele tinha um símbolo. Isso funciona até hoje nas cores das faixas usadas no judô. O iniciante começa com a branca e conforme vai aprendendo a técnica, muda de faixa. Em outras palavras, aprendi que o símbolo não é necessário para se enviar energia. O importante é o pensamento elevado, a vontade de ajudar o próximo e muito amor. Essas são as ferramentas necessárias. Mas os símbolos são importantes por representarem ensinamentos morais. Eles apresentam um caminho iniciático seguro para quem busca se espiritualizar.
Como foi sua jornada de desenvolvimento espiritual e como estas experiências ajudaram nos seus estudos e publicações?
Esse contato mediúnico mudou minha forma de viver. Hoje estou convencido que sou um espírito eterno vivenciando uma experiência humana e não mais o contrário. E aprendi também o valor do universalismo, respeitando todos os mestres e seus ensinamentos, sem vincular-se com uma ou outra doutrina ou religião exclusivista. Porém, no que se refere às publicações de livros, 16 até o momento, eu preciso contar um fato curioso. Eu participava de uma reunião mediúnica quando um espírito indígena se manifestou e disse que estava na hora de começar a fazer “escrevedô”. Ou seja, eu precisava começar a escrever. Este índio me motivou a escrever e, entre os anos de 2004 e 2009, publiquei 16 livros, todos editados de forma independente, porque nenhuma das editoras que procurei mostrou interesse em publicá-los. Hoje, quase todos estão disponíveis na forma de e-book na internet, podendo ser acessados gratuitamente em www.scribd.com/homospiritualis
Qual o real papel de um mestre de reiki?
No caso do dharma-reiki, seria o de orientar o iniciante para conduzir com segurança um atendimento, preparando-se de forma adequada antes, durante e depois da sessão para conseguir realizar um atendimento completo e seguro, com muito amor e dedicação . E o mais importante, nunca prometendo a cura para o paciente, pois o reiki não é capaz de transgredir a lei do carma e do merecimento.
Nos cursos que ministra são estudados os centros energia, os chacras, correlacionados com os símbolos do reiki? Existem sete símbolos? Quais são?
Com a espiritualidade, eu aprendi mais de 20 símbolos. Existem sete que podem ser relacionados com os principais chakras e cada símbolo possui um ensinamento moral que, ao ser colocado em prática pelo participante, ajuda a harmonizar o respectivo chakra. O leitor poderá ler sobre estes símbolos no livro O reiki, a TVI e outros tratamentos complementares. Além da versão impressa, as pessoas interessadas podem acessar a versão e-book no site já apresentado acima. Com os espíritos aprendemos também outros símbolos, relacionados por exemplo, ao tipo de mediunidade. Ou seja, quando, no passado, alguém era vidente, existia um símbolo que o representava. Assim como existia para aquele que incorporava ou era um médium de cura, por exemplo. Mas como já salientei, os símbolos representavam ensinamentos. Para se enviar energia basta as três ferramentas: pensamento elevado, vontade e amor.
Tudo está em transformação, as coisas mudam na velocidade da luz. Na sua opinião quais os valores necessários no lidar com as experiências cotidianas?
Felicidade incondicional, fé plena em Deus e atitudes positivas diante da vida. Estes são os três valores que ajudam no (re)envolvimento humano. E são eles que sempre enfatizamos nos cursos de animagogia. São eles que vão orientar a vida na Terra regenerada, quando o egoísmo for substituído pelo amor universal.
O que é consciência? E o que é prosperidade para você?
Atualmente podemos dizer que existem duas consciencias: a do espírito, que se encontra velada, e a do ego, com a qual vivenciamos nossa vida cotidiana. A função da animagogia é justamente ajudar no despertar da consciência espiritual, para que possamos, ainda na carne, “ressurgir”. Ou seja, conduzir nossa experiência humanizada com nossa consciência espiritual e não mais através do ego. É justamente a consciência criada pelo ego que nos faz sofrer quando alguém desencarna ou passamos por vicissitudes negativas. Aquele que despertou sua consciência espiritual vive com equanimidade toda e qualquer experiência humanizada, não alternando mais momentos de euforia ou de desespero.
Quanto à segunda pergunta, hoje em dia essa palavra está associada com ganhar dinheiro, com riqueza material. Mas em sua origem latina, ela representava o estado de quem se encontrava feliz e como disse anteriormente, a felicidade não depende de nada exterior. Ela é um estado de espírito. Quem condiciona sua felicidade às conquistas materiais sofrerá, pois a matéria é impermanente, já ensinava Buda. E a epístola de Tiago, na Bíblia, começa dizendo assim: “o cristão é feliz não importa a circunstância”. Eu posso ser uma pessoa próspera ou venturosa, apenas com a conquista dos tesouros que a traça não rói, os ladrões não roubam e a ferrugem não consome. Mas é importante não ter aversão ao dinheiro ou aos bens materiais. Aquele que não tem apego, mas tem aversão, sofre da mesma forma. Como ensinava Buda, viva o mundo sem ser desse mundo. Se hoje você tem dinheiro, viva feliz com o seu dinheiro; se amanha não tiver mais, viva feliz da mesma forma. Buda não se importava se ele iria passar a noite dormindo em um palácio ou em uma praça. Nada disso o afastava de sua próspera e ditosa existência.
Por favor, deixe sua mensagem final aos nossos leitores.
Quero fazer um convite para que os leitores desse site visitem o projeto Homospiritualis na internet. No youtube temos uma página com vários vídeos relacionados à cultura de paz e outro sobre mediunidade. Além disso, me coloco a inteira disposição daqueles que quiserem tirar qualquer dúvida sobre animagogia ou outro assunto abordado nessa entrevista. Os vídeos podem ser acessados através dos links abaixo:
www.youtube.com.br/homospiritualis
www.youtube.com.br/animagogiabrasil
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