sábado, 19 de janeiro de 2008

COMENTÁRIOS INUSITADOS

COMENTÁRIOS INUSITADOS


Estou em frente a um bar. Lá dentro, há várias pessoas jogando dominó, outras bebendo e fumando, e outras fazendo tudo isso ao mesmo tempo.

Estou do lado de fora, no ponto de ônibus, esperando o paraíso passar. Sim, o ônibus Metrô Paraíso costuma demorar um pouco.

Enquanto o ônibus não vem fico observando as pessoas passando na rua e imagino quais seriam as suas preocupações; seus semblantes transmitem, a uma certa distância, as suas melhores capacidades. Por onde andarão os seus pensamentos? Mas, o que acabo de dizer podem ser apenas pressuposições vistas por meus olhos, não posso dizer o que se passa no interior de cada um. E tudo o que vejo, realmente, são pressuposições. Por esse motivo, parei de pressupor e comecei a ouvir seus pensamentos transmitidos por suas bocas.

Duas pessoas na porta de um bar... Sentados em seus banquinhos, eram Dirceu e Seu Zé. Dois senhores aparentando seus cinqüenta anos. Mas sobre o que eles estariam conversando? O que eles estariam fazendo naquela manhã de terça, além de olhar para fora, ali, da porta de um bar?

Para minha surpresa, suas conversas iam além dos conhecimentos das bebidas e dos cigarros, e até das mulheres que normalmente se combinam com as cervejas. Nem eram aqueles papos recheados com as desilusões de suas vidas. Não, eles não tiraram aquela manhã para empobrecer mais e mais as suas aposentadorias se afogando em doses de autoculpa, eles estavam comentando experiências espirituais.

Sim, é o que estou dizendo, mesmo que eles queiram negar. Eles estavam refletindo, estavam pensando em coisas que muitas vezes são consideradas não convencionais. Estavam compartilhando seus sonhos de uma maneira bastante científica e bem humorada.

Falando nisso, ontem minha amiga Ana contou um relato muito interessante de um familiar seu. Um relato projetivo, em que seu parente, Eduardo, narrava uma experiência fora do corpo, a qual ele denominava "sonho mais forte" ou "um sonho mais real".

Hoje, Eduardo reside em São Paulo, mas anteriormente estava morando na cidade de Belém do Pará. Na noite em questão (27/03/05), ele havia saído do corpo e se dirigido a Belém do Pará para visitar os seus parentes.

Chegando lá, ele explicou a seus familiares que havia ido visitá-los. Seus familiares, por conseguinte, lhe responderam que ele teria sonhado, que aquilo não seria possível. Eduardo, com toda a certeza de seu estado vívido e lúcido, replicou que aquilo era sim possível!

E também fez lembrar a seus familiares que a Ana havia dito que aquilo chamava-se Projeção da Consciência. (Observação: A Ana não se lembra de ter conversado com o Eduardo sobre este assunto, pelo menos na vigília física).

Para provar aos seus familiares que aquilo era verdade, ele disse que ele iria voltar para São Paulo, e depois viria novamente visitá-los.

O que aconteceu foi que ele voltou realmente para o corpo, que estava em São Paulo, abriu os olhos. Novamente caiu no sono, e algum tempo depois ele estava novamente na cidade de seus familiares. Bom, ele encontrou seus familiares, mas eles continuaram não acreditando no que ele estava lhes dizendo... Pela manhã, ele despertou e contou sua experiência para Ana.
O interessante neste caso é que o próprio rapaz não acredita, pelo menos quando está no corpo, que tem essas experiências espirituais. Na verdade, há um certo preconceito quanto a esse assunto, mesmo porque sua opção religiosa é bastante restritiva.

Mas, mesmo assim, como análise podemos comprovar, também nas experiências alheias e comparativas às nossas, que é um fato absolutamente normal, humano, e que independe de qualquer linha religiosa, seja ela qual for.

Bom, estava dizendo anteriormente que tinha duas pessoas conversando na porta de um bar, Dirceu e Seu Zé, moradores do Parque São Lucas. Fiquei surpreso com seus comentários, que rodeavam o assunto das saídas do corpo, com uma maneira simples e descontraída.

Seu Zé relatou suas experiências em que respirava debaixo da água e conversava com pessoas que nunca tinha conhecido e que o chamavam para ir para um outro lugar. Ele contou várias experiências que se iniciavam sempre neste estado, sempre acordado em seus sonhos, debaixo da água. Seu amigo Dirceu disse que isso não era sonho que era um pesadelo! Nós caímos na risada...

Dirceu, então, contou uma experiência em que ele se sentia inflando, crescendo. Seu Zé relatou uma experiência em que ele passou pelo mesmo processo. Então, Dirceu complementou que dizem que quando isto acontece é por que estamos chegando mais perto do Homem lá em cima. Será que é verdade?! Caímos na risada novamente!

E rimos mais ainda quando Seu Zé comentou que provavelmente eram os chifres que estavam crescendo. E que para este caso seria interessante amarrá-los no queixo. Ele acabou desenvolvendo uma prática projetiva para aqueles que deixam que os outros coloquem coisas na sua cabeça. O negócio é rir.

Dirceu mais seriamente disse que pode ser o sétimo sentido! Pode ser uma coisa mística.

Às risadas, Seu Zé falou que sim, que eram os sete... os sete palmos pra baixo da terra.

O ônibus estava chegando e me despedi rindo destes últimos comentários!

O interessante que apreciei em seus relatos era a naturalidade em que foram ditos, e ainda mais na porta de um bar.

Todo ser humano é potencial de consciência cósmica. Poderemos comprovar isso quando deixarmos todos os preconceitos de lado. Não olhar só com nossos olhos, nem escutar com nosso ouvidos, mas os do próprio divino. Assim poderemos ver Deus em tudo!

Paz e Luz para você!


- Samuel Souza de Paula -
São Paulo, 29 de março de 2005.


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