segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Totem da Lhama - Samuel Souza de Paula


O TOTEM DA LHAMA



Recontado por Samuel Souza de Paula

Há muito tempo, quando os seres humanos passavam por desafios mil e sua postura diante da vida perdia os valores essenciais de conexão com a natureza, não respeitavam nem a si mesmos, nem aos espíritos que geravam a vida. Esquecia quem eram com a mesma facilidade de expressar violência em meio à guerra, ainda assim existiam lampejos de esperança no alto das montanhas.

Dois irmãos pastores e suas famílias, matinha um caráter impecável, dançavam a dança de suas vidas com respeito e gratidão. Sabiam e confiavam que existiam sinais e soluções ao alcance de seus olhos e corações. Certo dia, eles ficaram muito preocupados quando suas lhamas começaram a agir estranhamente. As lhamas deixaram de comer e passavam a noite olhando tristemente as estrelas. Então os irmãos perguntaram às lhamas o que estava acontecendo e a resposta foi: “As estrelas nos disseram que um grande dilúvio está vindo e destruirá todas as criaturas sobre a terra. Lembre-se: muitas vezes recebemos não aquilo que a gente quer, mas aquilo que precisamos”. Os irmãos, então procuraram a segurança das montanhas mais altas, levaram seus rebanhos para a caverna mais alta, até que começou a chover.

Choveu por nove semanas sem fim. Olhando do alto da montanha, os irmãos viram que as lhamas estavam certas. O mundo estava mergulhado em crises, guerras e se afogando em coisas sem sentido, sem alma. À medida que a água ia subindo, milagrosamente, a montanha onde estavam, ficava cada vez mais alta. O coração dos irmãos, suas famílias e rebanhos pulsava a chama sagrada, a confiança na montanha, no amor, no trabalho interior e na sabedoria. Quando as águas estavam tocando a entrada da caverna, a montanha crescia mais ainda, mais e mais.

Tempos depois eles viram que a chuva havia estiado e que as águas estavam baixando. Inti, o Deus do Sol, apareceu novamente e sorriu, fazendo com que as águas se evaporassem. Era a dança no caminho do sol, era o renascer para a vida, era o brilho renovado. Eles então olharam do alto da montanha e viram que a terra estava seca, tão seca como a garganta depois de apitar pelo osso da águia, sem um gole de água, após quatro dias.

A montanha voltou à sua altura normal e os pastores e suas famílias repovoaram a terra. Dizem então que a partir daquele momento os seres humanos vivem em toda parte, mas as lhamas lembram-se do dilúvio e por isso preferem viver apenas nas terras altas.

Que sua dança pela vida seja inspirada pelas altas conexões da lhama (llama no idioma quéchua), mesmo naquelas situações que se assemelhe a um dilúvio. Que o totem da lhama traga a energia de proteção, prosperidade, abundancia, sucesso, realizações, gratidão, calma, ternura, gentileza e doçura.

Por todas as nossas relações!

 

Obs.: Samuel Souza de Paula, neste ano de 2013, completou 10 anos de danças (6 anos “Drum Dance”, 4 anos “Sun Moon Dance”) nas tradições transmitidas pelo visionário Beautiful Painted Arrow, descendente dos Pueblos Picuris e Utes do Sul, cujos ancestrais foram os Anasazi. Se você tem interesse em conhecer um pouco mais sobre as danças, entre em contato com Felicity Macdonald, líder das referidas danças no Brasil (Dançando a Luz). Email: felicity@bighost.com.br

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