terça-feira, 19 de julho de 2011

080: Inspirações Xamânicas para o nosso Cotidiano

DEIXE QUE OS VIVOS ENTERREM SEUS MORTOS





Uma folha despenca do galho que a ligou a árvore há algum tempo, a terra a acolhe como se fosse à primeira vez. A lágrima brota do coração e sobe a superfície dos olhos, escorre pelas águas cobertas de pele e juntam-se ao mar da existência invisível. O trem já partiu, o leite derramou, a lágrima secou, o pássaro foi empurrado da beira do ninho para que suas asas cumpram seus propósitos. O que aconteceu? Por que tinha que ser assim? Por que relutar em deixar fluir?

Milhares de células dão sua vida, cede sua energia, para que a vida anime os órgãos de um corpo e este se encaminhe. Em uma simples inspiração um mistério parece dizer: vida! Enquanto que na expiração parece confabular: morte! Um passo, outro passo, sonhos, pedaços, engrenagem, possibilidades, achados. Mas quantos passos ainda são visto como meros fantasmas, pegadas desanimadas, energia em desperdício?

Deixe que os vivos enterrem seus mortos. Melhor do que carregá-los como pedras em um saco machucando as costas, pressionando os pulmões e sufocando o peito. Que plante suas sementes sem camuflar suas verdades, suas dores, vaidades e lágrimas. Que regem o solo desta terra e conte suas histórias no conselho sagrado. Que a fogueira seja acesa para honrar os fracassos e as perdas, celebrar as células da vida que se doam para tornarem-se fagulhas de sabedoria. Que o Grande Mistério possa inspirar os novos plantios e a renovação das vias, vilas, vôos e vidas.

Mitakuye Oyasin!
“Por todas as nossas relações!”

Série: 365 Inspirações Xamânicas para o nosso Cotidiano
Autor: Samuel Souza de Paula
Crédito da Imagem: Homage to a Shaman – Carole Bourdo
Site: www.espiritualidadenatural.blogspot.com

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